sábado, 7 de março de 2009

SOFISMAS E PARALOGISMO: PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI EM ‘ PARA ’... ALGUMA COISA ...(RSRSRSRS)

Há poucos dias atrás um companheiro me enviou um email com o seguinte endereço, (http://cavaleirodotemplo.blogspot.com/2009/01/bruno-garschagen-entrevista-olavo-de.html) perguntando, o que achavamos daquilo. Eu dei uma olhada e entre os muitos absurdos que vi, posso destacar o que se segue abaixo. Dêem uma olhada e depois retornem para cá.
Viram? Ok. Assim, para efetivamente responder aquele monte de besteira levaria " um século " haja vista nós termos que recuperar quase todo o pensamento filosófico ocidental / oriental . Entretanto , apenas como ilustração preliminar , vão aí , dois momentos em que aplicaremos nele o antidoto ao próprio veneno positivo, ou seja, a contradição dentro do movimento dialético. Em tempo ou ele é um espertalhão semiformado ou ele é ignorante esforçado, rsrsrsr (cf.http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_de_Carvalho)

Falando do Carvalho, devemos dizer que, como adepto do realismo transcendente de Aristóteles, Carvalho tem na dicotomia monista e na transcendência metafísica (para além da física, ou transcendente ao físico no sentido ôntico), o seu ‘must’.
Digamos que ele entende tanto a transcendência quanto a objetividade do conhecimento na mesma linha de Aristóteles, ou seja, que “é possível conhecer o que é o real concreto e o mutável por meio de definições e conceitos que permanecem inalterados” (FARIA, 2005), onde uma ordem imutável e eterna rege não só os fenômenos da natureza como também os da ordem política, moral e estética, ou seja o phisis e o nomos. É, vocês já perceberam que isso vai dar no determinismo, e assim, está tudo validado, quem é pobre, se contente com sua pobreza, negros não lutem afirmativamente porque vocês são inferiores e, portanto este é o quinhão que lhes pertencem, as mulheres são fracas e inferiores, e, portanto, quem deve dominar é o homem, macho, branco e inteligente, blá, blá, blá, etc...
Quanto à parte metafísica, é aquela velha história entre Platão e Aristóteles (e também entre Parmênides e Heráclito, ou entre o monismo e a impermanência das coisas, etc..) ele [Aristóteles] “...rejeita a Teoria das Idéias, alegando que ela não explica o movimento dos entes materiais, ordenados e harmoniosos, e cria mais dificuldades do que resolve”. (ibidem)
Assim, quando tentava explicar como iniciou o tal “estudos sobre a mentalidade revolucionária”, Carvalho vai cometer seu 1º pequeno “equivoco” de muitos. Utiliza parte de uma metodologia teórica (movimento histórico no sentido impermanente e materialista) que pouco depois ele ia critica e reputar como engodo acadêmico.

"O problema colocava-se portanto em dois níveis . Primeiro , o empenho de dissolver as diferenças entre dois discursos ideológicos não impedia que pelo menos uma das forças políticas correspondentes continuasse existindo historicamente como força atuante e perfeitamente identificável.” Fonte : http://cavaleirodotemplo.blogspot.com/2009/01/bruno-garschagen-entrevista-olavo-de.html

Como “ pensador ” dicotômico , determinista e transcendente é ilógico ( dentro da própria lógica menor de Aristóteles) que Carvalho usasse esse método de análise histórica por vários motivos , mais eu só vou citar um , o principal .

1) O próprio principio da não-contradição aristotélica , ou seja: uma coisa não pode ser e não ser . Assim , se a linha que ele reputa como verdadeira, e usa para criticar o pensamento revolucionário ( que advém de Heráclito e sua impermanência das coisas ) é o monismo dicotômico presente em Aristóteles, ele por conseguinte , não poderia utilizar a idéia de impermanência (movimento produzido pela forma existir no gerundio ou seja EXISTINDO)grifada acima (que ele está refutando como falsa ), porque assim incorreria no príncipio axiomático da não-contradição. Assim , ao usar um meio que ele reputa como falso para validar a sua argumentação, ele estaria produzindo uma contradição irresolúvel, posto que seria o mesmo que dizer com essa atitude que o argumento falso do qual ele está falando, é ao mesmo tempo o verdadeiro que ele esta usando.

Neste ponto eu separei uma outra passagem do “ texto ” dele, para análise . Percebam a parte grifada.

“...buscando diferenças estruturais de percepção da realidade , das quais os sucessivos discursos historicamente registrados como de direita e esquerda pudessem se desenvolver com toda a sua variedade interna alucinante, sem prejuízo das estruturas básicas. Se eu conseguisse descobrir essas duas estruturas permanentes , a direita e a esquerda estariam delineadas por diferenças objetivas para muito além do horizonte de consciência dos indivíduos e organizações que personificavam essas correntes . Descobri várias dessas diferenças . A principal é a diferença na percepção do tempo histórico. A esquerda – toda a esquerda, sem exceção – enxerga o tempo histórico às avessas: supõe um futuro hipotético e o toma como premissa fundante da compreensão do passado. Em seguida, usa essa inversão como princípio legitimador das suas ações no presente. Como o futuro hipotético permanece sempre futuro, e por isso mesmo sempre hipotético, toda certeza alegada pelo movimento esquerdista num dado momento pode ser mudada ou invertida no momento seguinte , sem prejuízo , seja da continuidade do movimento , seja do sentimento de coerência por baixo das mais alucinantes incoerências ”. Fonte : http://cavaleirodotemplo.blogspot.com/2009/01/bruno-garschagen-entrevista-olavo-de.html

Aqui o “equivoco” é ele tomar a escola pragmática americana como sendo a escola critica marxiana. O que ele propõe abaixo como sendo a metodologia crítica é insano, a mais pura estultícia; o máximo que eu chego, para tentar entender isso, é com a lógica abdutiva pragmática de Charles Sanders Pierce, onde o método consiste em se propor uma hipótese possível mais não provável , e depois produzir os meios (tal qual em Maquiavel e Weber – os meios justificando os fins) para que ela se cumpra, isso não tem nada a ver com a filosofia crítico/ dialética da práxis marxiana. Inclusive, nós como acadêmicos em nossos projetos científicos fazemos isso a toda hora, ou quem nunca propôs uma HIPOTESE para um trabalho qualquer; ou seja, você afirma alguma coisa a partir de suas inclinações (experiências) práticas da vida diária e depois tenta provar . A diferença entre um positivista, um pragmático e um crítico marxiano, é que para o primeiro o que importa são os meios; para o segundo os fins, e para o crítico as CONSEQUÊNCIAS (no curso do processo), visto que quando se pensa dialéticamente, percebesse que o efeito quase sempre é coletivo. Na verdade, o que se aprende quando se estuda Karl Marx, não é a descrença , e sim que o pensamento tem que se mover para que se possa entender a realidade das cosias. A crítica marxiana vai dizer que nós devemos visitar o passado, para compreender aquilo que não precisava ser ou ter acontecido, e ao contraditá-lo dialécamente e contextualizadamente, obter subsídios para transformar o presente injusto e, produzir um futuro mais igual e humano, (SAVIANI,2006) .


BIBLIOGRAFIA CITADA;
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SAVIANI, D. “Trabalho e Educação: Fundamentos ontológicos e históricos” Trababolho apresentado ao GT – TRABALHO E EDUCAÇÃO, da 29ª Reunião da ANPED do dia 17 de outubro de 2006, em Caxambu.

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GOMES. W.T

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